domingo, 6 de dezembro de 2009

Mãe!

“(...)Os vizinhos e parentes
A sociedade atenta
A moral com suas lentes
Com desesperada calma
Sua dor calada e muda
Cada ânsia foi juntando

Preparando a armadilha
Teias, linhas e agulhas
Tudo contra a solidão
Prá poder trazer um filho
Cuja mãe são seus pavores
E o pai sua coragem (...)”



A Constituição de 1988 reconhece que a família é a base da sociedade e enumera três tipos de famílias que merecem proteção jurídica e do Estado. São as famílias advindas do casamento, da união estável e das relações de um dos pais com seu filho, a família monoparental. Não há dúvidas alguma que a mãe ou o pai solteiro, viúvo separado ou divorciado que vive com o seu filho ou filha é uma família com direitos e deveres assegurados por lei como outra qualquer. O fato do direito reconhecer duas pessoas como uma família, as famílias formadas por "mães solteiras" ou "pais solteiros" precisam saber que não existe diferença, perante a lei, entre as famílias constituídas pelo casamento e eles.

Certo, agora que já falei bonito, expliquei o aspecto legal da coisa, vamos direto aos fatos.

Ser “mãe solteira” é quase um crime, perante a sociedade, e os moralistas, preconceituosos que acreditam que não é possível haver mãe sem um pai dependurado ao lado tornam a vida de mulheres que são mães sem terem um marido seja um martírio. Pra mim o termo “mãe solteira” deveria ser abolido, afinal, qnts vezes vc ouviu alguém falar “mãe casada”? Ser mãe é uma coisa, solteira é outra, o estado civil da mulher não define sua competência ou falta dela em relação a maternidade! Ela pode ser mãe e ser solteira, divorciada, casada, louca, doente, modelo, professora, acrobata, etc...
As pessoas que criam as barreiras e dificuldades em torno das mães que criam seus filhos sem a presença diária do homem progenitor (sim, pq na maioria dos casos semelhantes, o cretino FDP homem que “fez” o bebe é tão somente um nome que consta na certidão de nascimento da criança, não um pai no significado real da palavra) são as mesmas pessoas que dificultam a vida de qualquer outro que tenha escolhas diferentes das “padronizadas”.
Pq estou escrevendo sobre isso? Primeiro pq ontem fiquei revoltada, indignada com o que uma amiga vem passando, ela está procurando uma casa para alugar e cada vez que menciona que a casa é para ela e o filho ela escuta uma nova pérola do preconceito. Já se deparou com um propriotário, ops, proprietário de uma casa que a questionou inclusive se o pai do neném pagava pensão, pq caso contrário seria mto complicado alugar para ela... ou uma gentil senhora, que ao saber que ela moraria apenas com o filho perguntou 'Mas e o pai?!?' Bom, minha vontade era dizer a gentil senhora que, se ela estava preocupada com o “pai” do menino que ficasse com ele!
Outro motivo que me leva a escrever sobre isso é que, após me deparar com essa situação fiquei imaginando o que teria passado, há 23 anos atrás, uma moça de 22 anos com uma filha, o que ela deve ter suportado de olhares tortos, o que sua família deve ter ouvido de desaforos só pq ela decidira que não revelaria quem era o pai na garotinha que acabara de nascer, pois o que importava era quem estava lá, a mãe! Me pego imaginando o que deve ter passado minha mãe, ao decidir que, mesmo distante do homem de quem engravidara, ela decidiu que levaria a gestação a diante e cuidaria de mim, com ou sem auxilio do pai. Dessa história, eu não posso falar mto, afinal eu NUNCA ouvi minha mãe reclamar por ser solteira e mãe, conheço meu pai, dentro do que a distancia permite, convivo com ele e com. Tive padrasto, deixei de ter, minha mãe foi mãe. Isso é que importa, ela É mãe, sem marido, com três filhos. Nunca a ouvi reclamar do fato, e acredito que ela já tenha passado por situações pouco agradáveis por sua escolha, mas não tomei conhecimento delas. Ela soube ser mãe e não nos afastar de nossos pais, ela nos criou da melhor maneira que podia, ela nos apoia de melhor maneira que pode, sem precisar denegrir a imagem dos pais de seus filhos. Ela é, pra mim, o exemplo mais claro de que não deveria existir a expressão “mãe solteira”, ela deixou bem claro que o estado civil não define uma mãe!

Os versos que abrem o post são de uma música, do Tom Zé.

Quer mais exemplos de que ser mãe E solteira não é prejudicial nem a criança mto menos aos enxeridos que adoram apontar o dedo para os detalhes da vida alheia? Leia o blog da Rêca, mãe, mulher, nutricionista, jovem bem resolvida e... ohhh, solteira!

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